domingo, 2 de março de 2008

ATALAIA - Sexta-feira 29/FEV2008

Com muita humidade, céu aparentemente limpo mas pouco transparente, nesta sexta-feira estiveram na Atalaia cinco astrónomos amadores. Como fui o último a chegar, por volta das 21:30, reparei que os restantes já tinham recebido muito daquilo que o céu e o local oferecem e o Hugo, daí a pouco tempo, quando terminou as suas tarefas, até se despediu-se de nós e do sítio.

Munido com a luneta 120 f/8,3 em montagem Giro e com o “projecto” de separar tudo o que fosse dupla e múltipla, lembrei-me então que algo me escapava: exactamente aquilo onde queria projectar estrelas! Valeu-me o amigo J.Gregório ao oferecer-me uma esferográfica e quase 1/2 resma de papel A4. Os meus agradecimentos ao João.

Então, com a luneta no tripé e o tabuleiro deste servindo de secretária, comecei a observar, a apontar e a chamar os amigos para confirmarem a veracidade, ou… não, dos pontos :). As primeiras duas ou três estrelas vaticinaram-me noite fantástica mas a partir da sexta ou sétima, já com o telescópio e o papel alagados, resolvi arrumar a tralha e simplesmente recorrer ao convívio habitual ou… histórico da planície.

O desenho que me propus elaborar da constelação Escorpião, com M6 e M7 a tentarem envenenar Sagitário, resolvi adiá-lo para outra noite mais límpida. Enfim, o trabalho campestre que considero digno, quando… executado por outros com… “canetas” e outras alfaias, nunca me seduziu. Já tentei fazer carreira mas, infelizmente, sempre fracassei como escritor da e na terra mãe.

Em baixo o resultado do ínfimo labor que na altura recebeu aprovação unânime pelos astrónomos presentes naquele mar outrora fervilhado de espécimes, digo… estrelas que, actualmente, já se contam pelos dedos e no futuro serão substituídas por inumeras aeronaves. Lembrei-lhes que o nosso futuro poderá passar pelos desenhos e pinturas de estrelas, galáxias, nebulosas, etc. nos azulejos dos futuros aeroporto e estação do TGV e que, começando agora os treinos, depois até poderemos ser dos mais solicitados !

Analisados por um trio de astrónomos, estes autorizaram-me que seus nomes constassem nas legendas dos desenhos infra se, eu não fugisse ao acordado de...noite. Acho que não, penso que o trabalho está à altura dos meus pergaminhos e… espero que gostem.

Começamos a observação por Cassiopeia para resolvemos a sua estrela dupla mais brilhante. Infelizmente esqueci-me do ET (para desenhar) e de observar outros enxames abertos.


Depois partimos para Mizar e Alcor. Como se observam facilmente a olho nu ou com binóculos como bonito par, resolvi introduzi-las na mesma ficha, mesmo crendo que pela enorme distância entre elas, não orbitam o mesmo centro de gravidade. De algumas galáxias da Ursa Maior que tentei observar, apenas tive acesso a pequenas, cizentas e ténues nebulosidades. Fica aqui então o trio Mizar A e B + Alcor !


A seguir partimos para Cães de Caça e para a sua estrela Alfa, Cor Caroli, cujo nome lhe foi atribuído por E. Halley como homenagem a Carlos I que morreu executado ou a seu filho Carlos II que lhe sucedeu. Na constelação também tentei observar algo que me parecessem galáxias mas apenas vi algumas nebulosidades insignificantes.


Também observamos a estrela Polar que, desde há milénios, muito útil tem sido para astrónomos, caminheiros, navegantes, etc. para se orientarem.


Passeamos pelo sítio do Corvo e separámos a sua estrela óptica Algorab. Quase no centro da constelação tentei observar a nebulosa planetária NGC 4361 mas, com o meu refractor, com a pouca transparência celeste e com a luminosidade recebida do horizonte (talvez de Pegões), apenas consegui ver uma ténue mancha cinzenta. Como a constelação é pequena, resolvi desenhá-la com a estrela dupla.

Depois com Orion já perto do horizonte, lembrei-me, por acaso, de separar Rigel. Com muita dificuldade lá conseguimos e o desenho é uma cópia fiel do observado.

Ao gémeo de Polux, o... Castor, tentamos parti-lo ao meio e... ele lá nos observou com o seu par de olhos desiguais!


Finalmente saltamos para a Juba do Leão, para resolvermos a dupla Algieba e a sua história. A separação da dupla foi fácil mas a miscelânea de histórias e lendas recebidas de alguns povos da antiguidade, nomeadamente, sumérios, gregos, latinos e árabes, foi tanta que, desta vez, nem me atrevo a contar.


Tal como referi anteriormente, quando conclui estes trabalhos entreguei-me à conversa e... esta foi tanta, mesmo com algum nevoeiro surgido durante a noite, que só acabou às 6 da manhã.


Até breve.


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