sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Atalaia - 10-12-2009

Ontem, foi realmente uma noite muito enganadora na Atalaia e que se traduziu num fracasso para observação astronómica. A noite até não parecia má a olho nu, com Orion e o Cocheiro já altos e Marte a colocar-se a jeito. Foi até uma noite muito farta em meteoros, tendo visualizado mais de 20 certamente, em cerca de 3 horas que lá estive.
A temperatura estava baixa, por volta dos 6-8ºC e mal cheguei ao local, por volta das 22:30, tive que colocar logo o casaco térmico e o gorro.

Montei a LXD75 com o SN10 e após verificar o equilíbrio da montagem, descobri que necessito de um contrapeso adicional. O Francisco lá me desenrascou um que tinha e não necessitava. Terei que comprar mais um peso de haltere (...).
Depois apontei a Marte e verifiquei a bela instabilidade que reinava na atmosfera. Com o tubo ainda quente e saído do carro, a imagem dançava literalmente e não tinha detalhe nenhum, sendo até muito difícil de focar. Usei a ocular Zoom da Baader e depois a Nagler 12mm, mas a dança e irregularidade permaneciam.
Apontei depois a Orion e a M42 até dava uma imagem de jeito, muito filamentar e leitosa, apesar das estrelas mostrarem ligeiros cometazinhos, o que queria dizer que a colimação do tubo curto, necessitava de um ligeiro ajuste. Pouco a pouco, a imagem de M42, foi ficando cada vez com menos detalhe e até parecia dissolver-se. Verifiquei as lentes e, claro está, já a humidade tinha feito das suas. Lá fui instalar o kendriks na ocular, mas na lente correctora, não havia nada a fazer. Não tinha dew-shield, nem a fita kendrik para o tubo. Ainda roguei umas pragas ao Paulo Mesquita por não ter ido e levado a dita cuja (...), mas os dados já tinham sido lançados. Depois foi um banho literal e o tubo ficou encharcado e deixou de poder observar-se fosse o que fosse.

No Maksutov do Francisco, ainda deu para espreitar um Marte definido e com ligeiro vestígio da calote, fintando por vezes as contorções turbulentas na atmosfera.
No N8 do Rodrigo, ainda espreitei para a M1 e não conseguimos ver M82 e M83, apesar das tentativas frustradas. Manusear um newtoniano numa montagem equatorial e sem buscador, perto do eixo polar, é uma tarefa árdua. O buscador Rigel quick-finder, faz mesmo muita falta e mostrou ser um amigo indispensável.
No seu cantinho, o Rui Branco fazia os seus testes e ajustes e experiencias com o seu novo equipamento e não sei se chegou a fazer alguma captura. Penso que não, pois a noite não estava para essas andanças.
Desmontei depois o equipamento rumei a casa, por volta das 01:30.

Em casa vi aquilo que nunca tinha visto. O SN10 ainda estava embaciado e não só por fora, mas também por dentro!... A lente correctora estava embaciada no interior e no exterior. Via-se muito bem à medida que desembaciava a velocidades diferentes, a humidade nas duas faces da lente. Espreitando para o fundo do tubo, também o primário estava coberto de humidade. Nunca tinha visto uma coisa daquelas. Deixei o tubo a noite toda a descongelar na horizontal e com o focador destapado, para uniformizar a temperatura interior com a a exterior e hoje já estava bom. Estamos sempre a aprender.

Mas, o teste que queria fazer correu bem. Queria verificar como se comporta a LXD75 com o SN10 em cima e posso dizer que aguenta bem com ele. Para observação visual, apesar das folgas, com o tubo bem equilibrado a montagem move-se muito bem e nem se notam esforços nos motores.

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